24 November 2012

Drag Queen’s English: Vogue

Leeds:Lower Briggate_Queen's Court
Vogue é uma palavra bastante conhecida hoje. Seu significado na década de 80 assumiu uma nova posição (moderna) – posição que agora está imortalizada em dicionários formais e na consciência geral do mundo ocidental. Sendo um falante de uma língua latina, longe do cenário cultural de onde o significado moderno de vogue surgiu, eu não entendi o significado dessa palavra quando eu ouvi pela primeira vez o hit internacional de Madonna, Vogue.
A única pessoa que conseguiu me fazer entender o significado de vogue foi o meu primeiro namorado ‘sério’. Dois fatores destacavam ele do nosso grupo social como a pessoa que tinha uma melhor idéia do significado modeno de vogue: ele se apresentava como drag queen, imitando Madonna, e tinha um razoável conhecimento da cultura pop gay Norte-Americana.

“Vogue é isso ...” Ele começou explicando e, em vez de usar palavras, começou a contorcer os braços ao redor de seu corpo, assumindo poses de foto a cada movimento.
Vogue music video
O OED Conciso define vogue como “moda ou estilo predominante em um determinado momento.” OED ainda destaca que vogue é geralmente usado na frase ‘in/out of vogue’ (na/ fora de moda) e mostra que vogue entrou para o Inglês no século 16, do Francês e Italiano voga ‘moda’. Como verbo, no entanto, OED define vogue com seu significado moderno: “dançar a música de uma maneira que imita as poses feitas por modelos em uma passarela.” Nenhum detalhe adicional sobre este significado é dado.

Felizmente, a Rainha Mãe RuPaul, na primeira temporada de RuPaul’s Drag Race, mencionou as origens do significado moderno de vogue. “Vogue foi apresentado ao mundo no clássico cult Paris is Burning. E, evidentemente, a sociedade em geral ouviu falar de voguing de uma outra rainha; nome: Madonna…”
RuPaul's Drag Race, s. 01, ep. 06_Mini-Challenge: Vogue Off
É durante o mini-desafio, um vogue off (desafio de dança), que RuPaul evidencia que as características de seu Inglês peculiar não são simplesmente idiossincrasias, mas na verdade refletem o Inglês de todo um subgrupo social. Há duas maneiras de ser introduzido as raizes do Drag Queen’s English de RuPaul: viajando de volta para a Idade de Ouro dos bailes de drag durante os anos 80 em New York, ou assistindo Paris is Burning. Ver este documentário, dirigido por Jennie Livingston, pode também fazer uma pessoa compreender como a palavra vogue teve seu sentido desviado do seu signigicado tradicional em Inglês.

Começamos a compreender o início de tal desvio quando uma drag queen chamada Dorian Corey explica a distinção entre Shade e Reading (1): “Shade veio de Reading. Reading veio primeiro. Reading é a verdadeira arte do insulto. Você solta uma boa pilhéria e todo mundo ri porque você encontrou um defeito e exagerou sobre ele. Falamos da sua ridícula forma física, seu rosto flácido, suas roupas cafonas. Então, reading tomou uma forma mais desenvolvida; tornou-se shade”.

Shade, se bem entendi, é uma forma sutil de reading – embora eu tenha a impressão de que estas palavras são algumas vezes usadas ​​como sinônimos. É compreendendo o sentido de shade que podemos entender o significado de voguing. Isto é o que o coreógrafo Willi Ninja explica. “Voguing veio de shade, porque era uma dança que duas pessoas fazem porque se hostilizam. Em vez de brigar, você dança a hostilidade na pista e quem fazia os melhores movimentos estava jogando a melhor shade (insulto), basicamente. É a mesma coisa que empunhar facas e cortar um ao outro, mas através de uma dança. Então voguing é como uma forma segura de jogar shade.”

Finalmente, Willi Ninja nos ajuda a entender como o verbo vogue veio de voguing. “O nome é retirado da revista Vogue, porque alguns dos movimentos de dança são também os mesmos das poses de dentro da revista.”

Vogue parece ter as características de uma gíria; é uma palavra restrita a um determinado contexto e grupo social, e também pode ser comparada a reading e throwing shade. Contanto, OED não rótula vogue como gíria. É óbvio que vogue, com seu significado moderno, apenas se tornou Inglês normal. E isso evidencia que há apenas uma fina linha que distingue estranheza e padrão quando se trata de língua (Inglês, se você preferir).

Cofira esta postagem no original em Inglês: Drag Queen's English: Vogue

Glossário:

1. Reading significa ler/ leitura; mas é usado no cenário LGBT como insultar, soltar farpas, dar uma matada. Shade, significa sombra/ obscuridade; mas no cenário LGBT é usado como reading mas de uma forma sutil. Throwing shade, jogar shade, é algo como dizer: “Eu não vou dizer que você é feio. Porque você já sabe disso.”

16 November 2012

Drag Queen’s English


O termo Queens English, conforme definido no Conciso OED, se refere a “língua Inglesa como é corretamente escrita e falada na Grã-Bretanha”. Todo mundo sabe que a Rainha da Inglaterra, desde 1952, é Elizabeth II. Nem todas as pessoas, no entanto, estão familiarizadas com a Rainha dos Estados Unidos, Sua Majestade RuPaul.1 

E como uma Rainha Midas, RuPaul tem a habilidade de transformar tudo o que ela toca em Drag, incluindo a língua Inglesa. Em seu reality show, RuPauls Drag Race (Logo) – RuPaul & A Corrida das Loucas (VH1) no Brasil –, RuPaul tem apresentado ao público uma faceta peculiar do Inglês – um Inglês que muito caracteriza a essência da estranheza linguística, um Inglês que eu chamo Drag Queens English.


Embora o apresentador (RuPaul) de RuPauls Drag Race essencialmente falar o Inglês Americano, é a maneira como ele modifica algumas regras e afastar-se das normas da língua que traveste o Inglês – ou, como RuPaul provavelmente diria, ‘dragulate’2 o Inglês.


Como as características de estranheza linguística do Drag Queens English são muitas – e pretendo explorá-los em futuras postagems – esta postagem limita-se a mostrar como RuPaul ‘dragulate’ / traveste vocabulário Inglês.



Na primeira temporada, RuPaul parece bastante tímido para travestir vacabulário. A característica mais comum da ‘dragulation’3 é aplicada ao pronome de terceira pessoa He / Him. She / Her é usado nesse caso, por RuPaul, os competidores, juízes, e a maioria dos convidados, para referir-se tanto aos competidores come a RuPaul, quer estajam eles em Drag ou não. 

Durante a apresentação da passarela, imitando a palavra Extravaganza, RuPaul geralmente grita Eleganza! (elegance seria o normal em Inglês) E depois os competidores dublarem (lip-sync em Inglês), em vez de dizer “você ganha / você perde”, RuPaul diz o destino dos competidores com termos mais musicais: Chantey, you stay (Chantey, você fica) / Sashay away (Sashay você sai). 

Apenas uma vez, RuPaul usou Goils (em vez de Girls) – em “Somente entre nós goils” (ep. 04); Goils seria freqüentemente usado após esta temporada inicial.

Da segunda temporada em diante, foi que a ‘dragulation’ do vocabulário realmente acelerou. Um exemplo é She-mail, quando RuPaul anuncia “Você tem She-mail”. Também a partir da segunda temporada (ep. 07), RuPaul termina um conto de fadas com a conhecida frase: “And they lived draggily ever after.”4 (E viveram ‘em drag’ para sempre.)


A partir da terceira temporada, RuPaul troca o t pelo g na palavra Congratulations (Parabéns), e como o t pronuncia-se como d em muitos dialetos ingleses, os competidores vencedores são parabenisados com Condragulations

Outra palavra usada por RuPaul é Herstory (em vez de History). 

E quando RuPaul fala do tema língua Inglesa na terceira temporada, ele até brinca: “Here at RuPauls Drag Race we don’t just entertain. We edumacate.”5 Edumacate é uma palavra usada para brincar com o significado de ‘educate’.


A quarta temporada começou com “The big drag disaster of all time: the RuPocalypse…” (O maior desastre de todos os tempos: o RuPocalypse…) Outras palavras que apareceram foram Glamazon e Dragazines.6

A edição All Stars introduziu Shelarious e Shemergency.7

“Apenas neologismos”, você pode dizer..

Sou inclinado a afirmar que além de neologismos, tais palavras resumem um princípio natural de desvio (estranheza) operando na lingua. Parece evidente que a cada bem sucedida temporada do show, a medida que RuPaul aumenta sua auto-confiança também aumenta a freqüência com que tais palavras são usadas no show. Estranheza linguística aparece a medida que RuPaul se sente confortável. E esta é mais uma evidência que corrobora a hipótese de David Crystal de “que é normal ser estranho, quanto ao uso da lingua.”

Enquanto descrições do Queens English são geralmente encontradas em gramáticas prescritivas e dicionários normativos, descrições do Drag Queens English não estão tão facilmente disponíveis. Assim, em termos de Inglês, RuPaul e os competidores de Drag Race estão trazendo uma ótima contribuição para a audiência american em geral e sobretudo para aprendizes de Inglês em todo o mundo.

Glossário:

1. Rainha: Queen em Inglês também refere-se a um homem gay, ou a uma Drag Queen em particular. Assim, “Rainha dos Estados Unidos” aqui refere-se a RuPaul com uma Drag Queen do Estados Unidos.
2. Dragulate: transforma em Drag Queen.
3. Dragulation: transformação em Drag Queen.
4. …‘draggily ever after. A frase normal é And they lived happily ever after.
5. “Aqui no RuPauls Drag Race não só entretemos. Nós edumacate.” Edumancate seria algo com ‘Inducamos’.
6. RuPocalypse (RuPaul + Apocalypse); Glamazon (Glamour + Amazon); Dragazines (Drag + Magazines)
7. Shelarious (Hilarious); Shemergency (Emergency).


Confira esta postagem no original em Inglês Drag Queen’s English

10 November 2012

Um Caso de Estranheza em Inglês

Leeds (Merrion Centre)_2010


Até agora, a razão para o título deste blog – The Book is in the Tablet  – deve estar clara. O título não desvia de nehuma estrutura gramatical do Inglês, mas claramente se afasta da conhecida frase the book is on the table – frase com que muitos alunos de Inglês devem estar familiarizados. Só para ser minuncioso, você pode ressaltar que nós não temos realmente book em tablets, mas temos e-books; por isso, a sentença normal (lógica) devia ser o the e-book is in the tablet. Independentemente disso, este título funciona como um exemplo de desvio da conhecida frase que, como eu acredito, aprendizes de Inglês irão imediatamente captar.
“Então, é estranheza linguística ish 1.” Você pode dizer.
Na verdade, estranheza linguística não é um conceito bem preciso. Quando David Crystal escreveu “que é um comportamento lingüístico normal, na maioria das situações lingüísticas, se afastar do que é concebido como uma norma para aquele contexto”, ele realmente expressa isso em forma de uma hipótese “em sua forma mais forte possível” (1). Para provar sua hipótese, Crystal destaca alguns casos de comportamento lingüístico estranho que podem ser notados no cotidiano.
Eis um deles:
“Expressões bizarras” são sons que os falantes proferem em um momento de súbita emoção. Uma delas, observado por Crystal, é Shplumfnooeeahdito por um homem quando ele foi acidentalmente atingido por um cabo de vassoura. Expressões bizarras, como o exemplo dado, são variadas e complexas. Contudo, muitas delas são bem conhecidas e formalmente reconhecida em dicionários.
Doh! que Homer Simpson grita em The Simpsons (Fox), é um exemplo perfeito disso (Video). Boom! Boom! é outra expressão constantemente usada por Basil Brush (BBC) (Video). E quem pode esquecer o Yeehaw (também Yeehah) do tema tema Good Ol Boys de The Dukes of Hazzard (Os Gatões) (Video). Wahoo, Yahoo, Whoopee e Yippee estão listados no Conciso OED (Oxford English Dictionary) como uma expressão de “grande / selvagem excitação ou alegria”. Outras expressões listadas no OED são: Aargh (raiva, horror), aha / ho (triunfo, surpresa), hooray / hurrah (celebração), oh (alegria, decepção), oho (agradável surpresa), pooh (impaciência, nojo), wow / woowe (admiração, espanto).
“Strange ish” você pode dizer novamente.
Na verdade, Crystal affirma: “... Estranheza é Familiaridade.” Nós sempre podemos concordar que Shplumfnooeeah dificilmente é uma expressão que você ou eu iremos usar. Mas se ela se tornasse popular como o Yippie-ki-yay, motherfucker! que John McClane (Bruce Willis) diz em Die Hard (Duro de Matar) (Video), nós seriamos menos tímidos para gritar Shplumfnooeeah!
(1) Crystal, David. 1990. “Estranheza linguística.” Em Margaret Pontes (org.), Sobre Estranheza. SPELL, 5. Tübingen: Gunter Narr Verlag, 1990. 13-24. (Veja primeiro post).
Glossário:
1. ish é um sufixo adicionado a palavras para formar adjetivos – British (nacionalidade), girlish (com qualidades de girl), yellowish (com aparência de yellow), eightish o’clock (por volta das oito horas). Como carrega esse significado de dar uma qualidade, ish é frequentemente usado separadadmente em fim de uma frase para dar a frase um sentido não preciso. Por exemplo: I liked him ish (Eu gostei dele mais ou menos).

Confira esta postagem no original em Inglês An Instance of Strangeness in English